ELA
Acariciante e bela, mulher
Acariciante e bela, mulher
Vagas de cabelos e prazer
Bocas quentes ativas
Mente colorida
Nobre na vontade do querer
Nu e leve está seu corpo, no ar
De formas clássicas... Tão sensual
Equilíbrio em curvas
No ritmo quebrado
Amante assim no dito imoral
Fogo atiçado
Cheiro de cio
No amor “brujo” agora, o tardio.
São horas quentes
Tardes de verão
Corpos mimetizam o fugidio
Sem, sentir o tempo passa,
não passa
Na fusão das beiras do abismo
Vejo no silêncio
O bale da vida
Na vastidão deste minimalismo
Após, calma e calada. Talvez...
Musa inspiradora e capaz
De fazer em mim
Com sua quietude
Sentir o todo e tudo no fugaz
Fogo apagado
Cheiro de sexo
Nosso “nos” agora saciado
É muito além
Nunca tinha estado
FILHO
Através do véu que me cobre os olhos
Somente a penumbra a mim é dada
Brinco jogando com a sorte
Como num sono comum
Só despertado pela morte
Toco a pedra
Tocas em mim
E chamo isso de existir
E neste engano a armadilha
Transferindo o peso da existência
Onde meu pensamento é uma ilha
Oh filho amado
Mentalizado mas não
concebido
Busco seu sorriso
real
Sofro tua ausência
sem nunca ter lhe tido
Queria sonhar teus
sonhos
Sua boca chamando pai
Estender-me através
de você
MOMENTO
ÚNICO
Perco minha noção
Na confirmação do fato
Pensamentos se vão
Evidenciando o hiato
Na profundidade das sensações
Serei dois
Um do antes
E o outro do depois
Ver você a primeira vez
Foi como brasa dormida
Sentia seu calor
Duvidava da minha vida
"Tal pai, tal filho"
Frase dita com altivez
Pedi e fui atendido
Ouvi de você na primeira vez
Senti do ontem a lembrança
Quando seus olhos cruzaram os meus
Naquele brilho de olhar criança
Senti profundamente nossa semelhança
LAÍS, minha filha
NUVEM
DO CÉU, ONDA DO MAR
Mal consigo rever
O encontro bailado
Entre o céu e o mar
Minha mente absorta
Não me deixa perder
A lembrança tão clara
Dessa deusa do ar
Ela é nuvem tão branca, eu sou onda do mar
Ela é fugidia, sou mais um a rolar
Ela existe no céu, eu em qualquer lugar
Ela no palacete, eu mendigo a esmolar
Da calçada do mar,
Eu olhei pra você
Da varanda do céu,
Você não percebeu
Sem querer nossos olhos
Bailaram também
E numa fresta de muro
Encontraram-se além
A distância era tanta
E você logo ali
Esse abismo tão grande
Só então percebi
Que por mais que quisesse
Jamais eu a teria
Pois sou o escuro da noite
E você linda, é a luz do dia
Hoje tudo passado
Fiz meu sonho existir
Naquele olhar trocado
Eu não quis resistir
Fiz de você minha musa
E de mim seu namorado
E da noite escura que sou
Você foi meu céu estrelado
Ela é nuvem tão branca, eu sou onda do mar
Ela é fugidia, mas sei como lhe achar
Ela existe no ar, eu no mesmo lugar
Ela no palacete, eu de volta a rolar
O COXO
Porque príncipe lá, e coxo aqui?
Porque aqui, e não sempre lá?
Será que lá vira aqui e aqui vira lá?
Estou lá ou aqui?
Príncipe em terra de reis, cocho em terra de
mancos.
Príncipe em terra de mancos, coxo em terra de
reis.
Aqui e lá, iguais em natureza, diferentes em
grau.
Tudo segundo as leis.
SONETO PERDIDO
Vida cortada, dividida muro
Num dia quase um quando
Como nestes de calor duro
Atenuado pelo vendo brando
De um começo cego
Dor forte parida
Pura fusão de ide e ego
Vida fria dolorida
E talvez hoje inerte e apagado
Largado num buraco de chão
Exista um corpo jogado
Sofrendo desta loucura
Insana e sem fundamentos
Morto vivo sem sentimentos
URBANUM
Tarde fria
Nos carros chovia fininho, sem parar
Através das gotas no vidro
Lentes ao acaso
Em meu perdido olhar
Trôpego andar alcóolico
Sombra bateu na realidade
Do escuro da tua boca
É tão triste teu olhar
Más sem tempo prá falar
Verde nos desencantou
Me sentia um brinquedo
Em palhaços e folguedo
Entre todas as consequências
LOGUS tudo se acalmou
Meu olhar tornou perdido
E o tempo continuou
Rápido andar sem rumo
De perdidos na calçada
E pôr estas consequências
É tão triste teu olhar
Meu olhar tornou perdido
Quando o verde programou
Más sem ter o que falar
Tempo nos desencantou
TRIPATÉTICA
Vejam vem do mar
Rubra e linda
Cíclica ao chegar
Borbulhante esguia
Como o tinto vinho
Que em colo branco se bebia
Como num canto de boca provocando quem a vê
Sintam o cheiro
Do agressivo agreste
Do ruído festeiro
A melhor roupa se veste
Como um canto de boca, cançoneta rouca
provocado no que vê
Amante louca e nua
Da mulher da noite
Perdida na rua
Doída como o açoite
Como num canto de boca, palavra rouca,
seduzindo quem a vê
Sua luz flutua
Misteriosamente longe
Luz que não é sua
Falsa como a verdade do monge
É você, feminina Lua
MULHER
Essência forte e fluída
Templo de sua ânima ativa
Vivendo o tudo sem enfado
Transformando sexo em vida
Ora menina tímida
Ora mulher lasciva
Sabendo sorrir quando tudo é chorar
Achando mesmo estando perdida
Companheira amiga
Entre dengos e meiguice
Cativando sempre
No novo e na mesmice
Mão forte afagando quente
Lábios sensuais sob olhos de harmonia
Ruivos pelos pernas corpo e mente
Regaço de paz de prazer e alegria
Pensando baixo, agindo alto
Tendo no ventre um universo de vida
Sendo tudo quando estou nada
Amando vivendo e sendo querida
Mulher
